É algo natural de nós humanos tentar sempre conseguir a melhor negociação.
No Brasil, Micro Usinas Fotovoltaicas para residências é algo ainda bem novo, e por ser matematicamente muito viável, expandiu muito rápido, contudo, a verdade é que ainda falta conhecimento dos empresários.
A maioria deles acabou entrando nesse setor como uma chance de ganhar muito dinheiro de forma fácil e rápida, pois basta vender e depois terceirizar o projeto e a instalação.
Do outro lado, temos o consumidor que se vê à mercê de alguns vendedores, que muitas vezes têm um interesse enviesado e acabam oferecendo o que for mais vantajoso para o mesmo.
O cliente por não ter conhecimento profundo sobre engenharia para ler um Datasheet (uma espécie de manual técnico dos equipamentos) não consegue escolher de forma sábia e acaba sendo seduzido a pegar o mais barato, afinal “placa solar é tudo igual”.
Preocupado com essa falta de conhecimento do consumidor, resolvi elencar os erros mais comuns que eu encontrei em meus 1.384 dias de experiência com o setor solar (e sigo contando).
Foto: vkstudio
Existem erros que podem colocar você e sua família em risco, mas esse artigo vai te ajudar a escapar da maioria deles.
Erros comuns e mais graves cometidos ao comprar energia solar
1. Achar que é tudo igual
Como eu disse anteriormente, muitas pessoas acabam comprando o produto mais barato.
O que você precisa se dar conta é que “energia solar” é uma USINA DE ALTA TENSÃO.
Escolher produtos de boa qualidade te garantirá maior segurança.
Um Sistema Fotovoltaico depende de várias coisas para garantir a sua segurança, são eles:
- Qualidade e espessura dos cabos elétricos;
- qualidade da dopagem e transmissores das placas solares;
- string box (quando for inversor central);
- componentes elétricos em geral dos inversores ou micro inversores;
- proteção e isolamento da área do inversor central (quando não for micro inversor);
- altura correta das placas para garantir circulação de vento (especialmente quando for micro inversor).
2- Comparar orçamentos olhando preço e geração em KWH
Por falta de conhecimento do cliente, outrora por falta de clareza dos vendedores, pode ser que você não saiba ao certo o que está comprando.
Eis o que você precisa observar:
KWP: Quando você compra uma Micro Usina Fotovoltaica você está comprando POTÊNCIA de sistema, parecido com carro, que quando compramos um carro de 200 cavalos, ele chega até 180 Km/hr, certo?
Na energia solar é parecido, mas aqui é por exemplo:
Você quer abater R$ 500,00 na sua conta, se o kwH na Equatorial está R$0,84 então você precisa de 500 x 0,84 = 420.
Logo, você precisará de 420 kwH.
Então, pronto, é só eu chegar e comprar 420 kwH da empresa de energia solar, certo?
ERRADO!
O que você compra é uma usina de potência X que vai gerar Y kwh.
Por isso é importante contratar uma empresa que tenha amostragem própria de projetos em sua região para poder calcular quantos KWP vai precisar para gerar seus 420 kwH.
Tipo de sistema: No mundo dos veículos, concordamos que um carro sedan e uma caminhonete servem para te levar de um ponto A para um ponto B, certo?
O que difere nesse caso é a modalidade, e na energia solar é parecido.
Aqui temos duas “categorias”:
- MLPE (micro inversores);
- string.
Qual dos dois é melhor?
Bem, isso depende, se você for por sua usina em sua casa onde mora sua família, o critério MÁXIMO deve ser SEGURANÇA, concorda?
Por isso, sem sombra de dúvidas é indicado MLPE para residências.
Tipo de dopagem das placas (ou simplesmente tipo de placa): existem vários tipos de placas, e quando falo tipos, não estou falando de marca não, estou falando de diferenças na produção delas.
Quando começamos no setor solar, em 2019, era muito comum as polisilícias, depois chegaram as monocristalinas e hoje já temos as P Type e N Type.
Inclusive, fiz um Reels rapidinho explicando a diferença destes painéis.
Mas já te dando um spoiler, a diferença para você, cliente final, está na eficiência em captar a radiação solar e transformá-la em energia.
3- Comparar orçamento por quantidade de placas
Um outro erro comum das pessoas é sair fazendo vários orçamentos e comparar eles pela quantidade de placas.
O que você talvez ainda não saiba é que existem diferentes tipos de POTÊNCIA nas placas.
Alguns anos atrás eram comuns as placas de 300w, hoje já usamos comumente as de 555w e já temos disponível para venda placas de 660w.
Na feira InterSolar, de agosto de 2023, foi apresentada a nova placa mais potente do mundo, tendo incríveis 740w, ou seja, é possível chegar a mesma potência desejada com menos placas.
Por isso, quando for fazer orçamentos de energia solar repare na potência, e vou te dar um exemplo de nomenclaturas para você ficar atento (a potência vai estar em negrito):
- MÓDULO MONOCRISTALINO TRINA 660W BIFACIAL;
- MÓDULO MONOCRISTALINO DAH FULLSCREEN 555W.
Normalmente nos orçamentos você vai encontrar “módulo” ou “placas”, logo depois terá o “tipo” (Poly, Mono,P Type, N Type etc), depois a marca seguida pela potência (w).
Bônus
Para saber a potência que a pessoa te oferece, basta você somar a quantidade de placas x potência = Wp.
Exemplo:
8 módulos Monocristalinos Trina 660w
8 x 660 = 5.280 wp.
Logo, 5.28 kWP.
4- Colocar Inversor String (Central) em RESIDÊNCIA
Este, sem sombra de dúvida, é o pior dos erros.
Esse ainda é um tema muito polêmico no Brasil, reflexo de um mercado ainda jovem.
Em mercados maduros como nos Estados Unidos, que começaram a movimentar o solar nos anos de 1984, estão décadas na frente do Brasil, e só em 2014 que assumiram o quão perigoso é ter equipamentos ligados em série em residências.
O negócio por lá ficou tão sério que hoje é lei em mais de 95% do território: em residências e telhados só é permitido equipamentos MLPE.
A diferença é que no inversor “normal” a ligação é feita em série, como cada placa gera de 45 a 60v, se você ligar 10 placas, terá um fio passando 600V dentro da sua casa onde está toda sua família.
Se já temos medo dos 220v da tomada normal, imagine 600v.
Por outro lado, em micro inversores a ligação de cada placa é feita em paralelo, isso faz com que cada placa seja isolada na origem, o que derruba para zero a chance de alguém ser eletrocutado ou curtos que geram incêndios.
Veja mais sobre a decisão dos E.U.A aqui.
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